Com muitas mudanças causadas pela pandemia do coronavírus, o mercado de trabalho também deverá passar transformações, a começar pela adesão maior ao home office.
Em uma pesquisa realizada no Brasil, no período de 4 a 21 de maio, pela Robert Half, empresa de recrutamento que seleciona profissionais especializados para cargos de média e alta gerência, 78% dos entrevistados afirmaram que estão trabalhando em casa; 86% dos profissionais ouvidos gostariam de trabalhar remotamente com mais frequência, quando houver a retomada.
Mas o que esperar do mercado de trabalho pós-pandemia? Certamente o mercado será impactado pelo desemprego e terá um ritmo de recuperação diferente para cada setor. O que se prevê é que quanto mais digital, mais rápida a recuperação.
A tendência é manter a procura por empresas inovadoras, mais digitais, com propósito impactante e que tenham solidez financeira e estratégia de crescimento. A pandemia acelerou a Transformação Digital em todos os negócios.
Uma das consequências é o trabalho remoto, que dará maior flexibilidade para as pessoas e negócios. A mesma pesquisa mostra que 49% dos profissionais de escritório, que fizeram a transição para o trabalho remoto, assumiram ter um melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal, sem o deslocamento diário.
A vantagem do home office é que podemos ter colaboradores do interior do País, morando em suas cidades natais e atuando remotamente em multinacionais, atendendo clientes de qualquer parte do Brasil e do mundo.
Assim incentiva a contratação de talentos de diversas regiões. Já imaginou trabalhar em diversos desafios e projetos sem sair do lado da sua família e do conforto da sua casa?
A tendência é que sejam oferecidos alguns modelos de home office: full, parcial e flex (horário alternativo de trabalho), dependo do cliente, do projeto e do tipo de empresa.
A certeza que temos é que o futuro do trabalho será diferente, estimulando a habilidade de autogestão dos colaboradores. Outro ponto que deve ser alterado é o volume de viagens corporativas, que tendem a diminuir. A pandemia mostrou que se pode viajar menos e continuar fazendo bons negócios.
O conceito “Digital First” deixa de ser tendência para ser o único caminho possível, ou seja, muitas ações permaneciam presenciais e físicas, como treinamentos e reuniões, pois havia uma incerteza sobre a efetividade do digital. Há três meses estamos experimentando ações que nos surpreendem e nos impulsionam em termos de aprendizado e resultados.
Outro ponto de observação é que o mercado de trabalho está focado nas habilidades emocionais dos executivos. Os líderes estão tendo que lidar com questões emocionais muito mais fortes neste momento.
Uma combinação de preocupação com a saúde física e emocional dos seus times e, ao mesmo tempo, manutenção do foco nas entregas de resultados, pensando na construção do futuro.
Neste momento de isolamento social cresce a ansiedade e, por isso, é importante que as empresas ofereçam treinamentos para dar apoio e suporte individual aos colaboradores.
É necessário investir em novas plataformas tecnológicas, ter um onboarding digital, processo pelo qual o novo colaborador passa pelas entrevistas, testes e admissão, sem contato físico com a empresa.
Também é importe desenvolver um projeto interno de mentoria, onde mentores e mentorados possam se encontrar e falar de diversos tópicos como, por exemplo, inovação, carreira, tecnologia e outros.
Os treinamentos com metodologias ágeis podem auxiliar no mapeamento de talentos, identificando colaboradores que estejam disponíveis para novos desafios e remanejamentos internos. Com o trabalho remoto, as possibilidades se potencializam ainda mais.
Com tudo isso, definitivamente o mundo mudou, os negócios estão se transformado e todos nós aprendendo com o novo normal. O importante é manter o equilíbrio, a confiança e criar uma experiência do colaborador cada vez mais humanizada e digital para enfrentar os desafios e transformá-los em grandes oportunidades para o futuro.
(*) Rodrigo Pádua, VP Global de Gente e Cultura do Grupo Stefanini