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Em mutirão, bancos negociam mais de 2 milhões de contratos

Um total de 2,325 milhões de contratos foram renegociados em apenas um mês entre clientes e instituições bancárias e financeiras. Os dados são do Banco Central, que recentemente divulgou o balanço do Mutirão de Negociação e Orientação Financeira, realizado no mês de novembro de 2022 com o objetivo de melhorar a saúde financeira dos brasileiros.

Segundo a instituição, o volume de contratos renegociados é recorde, sendo 36,7% superior aos 1,7 milhões de acordos fechados no mutirão anterior, realizado em março de 2022. A renegociação foi realizada em parceria entre o Banco Central, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e Procons de todo país.

A inadimplência de famílias brasileiras, incluindo dívidas com bancos e instituições financeiras, vem batendo recordes desde 2020. Segundo o último Boletim Econômico da Serasa Experian, divulgado em dezembro de 2022, a inadimplência era uma realidade para 68,4 milhões de brasileiros. Outro levantamento, feito pelo Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostrou que 77,9% de consumidores entrevistados – cerca de 18 mil pessoas de todas as capitais do país – afirmaram que fecharam o ano com dívidas a vencer.

Limpar o nome na praça ou nem deixar que ele entre na lista de devedores requer alguns cuidados dos consumidores. De acordo com a administradora e gerente de relacionamento em uma instituição bancária, Caroline Silveira Sales Dittrich, entre esses cuidados está em montar uma reserva financeira antes iniciar novas aquisições. Outra precaução é montar planilhas financeiras, que ajudam a visualizar pequenos e grandes gastos para verificar, dentro da capacidade financeira de cada um, se eles são necessários ou podem ser cortados.

“Criar metas de investimentos e de gastos, analisar onde se quer estar daqui a cinco anos, por exemplo, e calcular se as expectativas são viáveis dentro do cenário atual, é mais um cuidado importante”, diz ela. “Aproveitar consultorias financeiras gratuitas também é uma boa ideia. Grandes bancos possuem gerentes capacitados para ajudar a montar um planejamento financeiro de acordo com o perfil do cliente”, acrescenta a profissional.

Com nove anos de experiência no mercado financeiro, Caroline Silveira informa ainda que manter o CPF sem dívidas possibilita várias vantagens quando o cliente precisar de crédito. “Manter o CPF sem restrições é importante pois quanto melhor seu histórico de crédito junto ao mercado, maiores são as chances de conseguir taxas menores”, destaca.

Como os bancos costumam se precaver de possíveis inadimplências do cliente

Do outro lado dessa relação, os bancos e instituições financeiras também podem ajudar os clientes a não assinarem contratos de aquisição de crédito que possam comprometer sua capacidade de pagamento. Caroline Silveira enfatiza que, atualmente, os bancos conseguem acompanhar e identificar possíveis atrasos, o que aumenta a probabilidade de evitar a inadimplência. Algumas instituições possuem opções de parcelamento ou adiamento das parcelas, mas essas opções nem sempre valem a pena para todo perfil de cliente.

“Essas operações acarretam juros, o que pode apenas prorrogar atrasos e não ajudar o cliente a se recuperar financeiramente. Por isso, persistir na cobrança buscando alternativas de pagamento que estejam dentro do perfil de pagamento de cada pessoa é importante”, ressalta.

Outra forma de os bancos e instituições financeiras evitarem a inadimplência dos clientes é reforçar os cuidados da análise de crédito, especialmente em caso de renegociação de dívidas, como explica Caroline Silveira:

“As instituições analisam minuciosamente o histórico da dívida, verificam se existem garantias que possam ser utilizadas para a quitação do débito, quantos pagamentos o cliente efetuou após a contratação do crédito e analisam se houve negociações anteriores; caso existam garantias reais e avais, é importante mantê-las ativas para novas propostas”.

Em caso de não haver garantias de pagamento do valor total da dívida, a profissional comenta que os bancos passam a analisar se existem outros bens do cliente, buscam informações junto aos escritórios de cobrança responsáveis por esse cliente e verificam a situação atual da cobrança.

“Somente após a montagem desse banco de informações e de analisar a capacidade de pagamento do cliente e, ainda, verificar se ele possui outras dívidas no mercado, é que o banco passa a oferecer propostas de pagamento”, relata a gerente, acrescentando que buscar negociação por call centers, por assinatura de contratos através de aplicativos bancários e por mutirões de negociação de órgãos competentes são algumas facilidades que ajudam o cliente a quitar dívidas e recuperar sua saúde financeira.